Tornar-se mãe
Intenções e realidade
Quando eu engravidei, achei que iria escrever durante todo o processo. Eu estava empolgada, emocionada, nervosa, e pensei que a experiencia pela qual eu iria passar seria digna de processar por meio da escrita, como eu tenho a tendência de fazer com experiencias importantes em minha vida.
Aconteceu que a vida se tornou incrivelmente agitada e me impediu de fazê-lo. Primeiro, me designaram uma nova posição no distrito: professora de 2a série. A adaptação requerida por este trabalho nao se resumiu ao fato de eu ter dois grupos de 25 alunos, ensinar em espanhol e as responsabilidades que acompanham a professora de sala. Sendo em uma nova escola, esta posicao aumentou minha viagem em 15 minutos, e passei a dirigir 1 hora para ir e 1 hora para voltar. Por esse e outros fatores, decidimos nos mudar para uma cidadezinha menor e mais perto do meu trabalho, decisao que exigiu tempo para procurar uma casa que atendesse a nossas novas necessidades. Uma vez estabelecidos na nova casa, atividades relacionadas ao bebê começaram a se acumular: consultas, aulas, preparação do quarto, lista de chá de bebê…
Tornar-se mãe
Acontece que eu vivi esses 9 meses com os altos e baixos de estar grávida, mas sem tempo para organizar meus sentimentos e idéias por escrito. Teria valido a pena, uma vez que agora não me lembro claramente de detalhes das experiências intensas que tive. Queria tanto poder! Essas experiências são parte da mãe em que estou me transformando, assim como da esposa e professora e tudo o mais em que me tornarei. Ontem, conversando com minha mãe, ela soltou uma de suas sábias frases: “Você não vai se tornar mãe quando o nenê nascer. Você se tornou mãe no momento que acolheu esse nenê dentro de você.” TÃO verdade, isso! A experiência compartilhada, todas as mudanças, as sensações estranhas, os acessos de riso e também os de choro, os ligamentos estirando e a barriga crescendo… Uma relação tão intensa se desenvolvendo! E tão maravilhosa também!
O foco
Uma das percepções mais importantes que eu tive foi que estar grávida não é sempre confortável, mas estar suficientemente empolgada com a gravidez voltou meu foco para as razões por trás do desconforto e me levou a entendê-lo como parte de nosso desenvolvimento – meu e do bebê – em vez de manter minha atenção em meu próprio corpo e em minha própria pessoa.
Depois de passar por tudo isso, e depois de todas as aulas e conversas, espero que o parto também me permita focar no processo e no meu menininho vindo compartilhar o mundo conosco em vez de prestar atenção no que fará meu corpo sentir.
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